Na pré-história, homens faziam história até mesmo quando não queriam. Deixavam pistas, enigmas, sem saber que seriam alvo de investigação. Nós continuamos fazendo história, e pensamos nisso quando olhamos para trás. Viramos o pescoço ao passado para mirar a pedra na qual vamos firmar nosso pé no próximo passo.

O fato é que é assim desde que existimos como seres humanos, embora, muitas vezes, tentemos criar barreiras para extirpar com nosso espírito de humanidade. Deixamos pistas para futuros exploradores e criamos um processo de introspecção a cada acontecimento marcante – morte, nascimento, virada de ano, aniversários…

E desde que rompemos a barreira da oralidade como instrumento de manutenção das nossas memórias, começamos então a ter acúmulo. Já falamos sobre o acúmulo de conhecimento aqui, no post sobre a “Etimologia da Ethymos”. Podemos dizer que o blog da Ethymos, em 2011, foi a parede da “caverna” em que o mundo se transforma gradativamente. Foi também o nosso ponto de acúmulo e troca de experiências.

Ou seja, mesmo com toda a tecnologia, da velocidade com que as coisas acontecem e “desacontecem”, mantemos o hábito milenar de pintar nossas aspirações em uma parede. Não usamos pedras para riscar pedras – tampouco caneta para manchar o papel – nossa relação é com o teclado, decodificação de sinais eletromagnéticos programados e lidos em processadores eletrônicos. Mas a motivação para registrarmos nossas introspecções é a mesma dos homens pré-históricos.

Qual é a motivação para isso? Não sabemos, mas talvez essa seja mais uma pista que vai fazer sentido aos exploradores do futuro. Se algum dia, outra forma de vida ou morte inteligente conseguir decifrar este texto, teremos conversado sobre nosso ano de 2011 e algum outro momento da história. Vamos para mais um ano de riscos, desenhos e confissões em nosso blog. Neste ano vamos misturar técnicas, cores e ideias para fazer de nossa parede uma tela para uma grande obra de arte.